Gaining momentum


Há expressões que ganham outra intensidade e outra densidade quando são proferidas em língua inglesa.
É o caso da expressão gaining momentum.
Gaining momentum mais não é que antecipar-se, ganhar vantagem, num qualquer cenário, numa qualquer situação.
Acredito plenamente que António Costa terá pensado nisso quando decidiu apresentar a primeira versão do programa eleitoral do PS já hoje ao meio-dia de Portugal e não no dia 6 de Junho como estava previsto.
Apresentação de um esboço de programa eleitoral, que será debatido em Comissão Política na noite do mesmo dia, em Comissão Nacional no próximo domingo.
Para ficar aberto a novas propostas até ser apresentado definitivamente em Convenção Nacional no supracitado dia 6 de Junho.
Esta antecipação, esta apresentação de um esboço da pintura antes da apresentação do quadro final, só se compreende com a necessidade que os dirigentes do PS sentiram de marcar a agenda política (gaining momentum).
Confrontado com resultados de sondagens que reflectem cada vez mais uma aproximação entre o PS e a coligação (a actuação algo apagada de António Costa e a formalização da coligação PSD/PP terão contribuído muito para isso); com críticas, dentro e fora do partido, acerca da data escolhida para a apresentação do programa eleitoral (não é o programa eleitoral que é apresentado tardiamente, é a data das eleições que é muito tardia, defendia-se António Costa); com o péssimo resultado eleitoral na Madeira; muito recentemente, com a retumbante derrota dos Trabalhistas no Reino Unido; António Costa e o PS sentiram que tinham que fazer algo, que tinham que aparecer, que se mostrar.
E que tinham que se mostrar não como mais uma voz na oposição mas como uma verdadeira alternativa de governo.
Gaining momentum, é isso que António Costa vai procurar fazer hoje ao meio-dia em Portugal.

Comentários

  1. José Sócrates (parte II), Pedro.

    Como qualquer "remake" a sequela é sempre pior que o original e, meu amigo, o original foi...um filme de terror.

    Aquele abraço, caro amigo.

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    1. António Costa anda um bom bocado à deriva, Ricardo.
      Os que o apoiam empurram-no para aparecer, dar a cara, falar.
      Os que não o gramam, e não lhe perdoam aquilo que vêem como uma traição a Seguro, metem-lhe cascas de banana debaixo dos pés.
      Não está fácil a vida de quem ainda há bem pouco tempo parecia ter uma vida facilitada.
      Aquele abraço

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  2. Concordo com tudo o que escreve, Pedro. Faço apenas uma correcção: de acordo com a última sondagem da Eurosondagem, o PS aumentou a distância em relação à coligação. Embora isso pouco interesse, porque ainda estamos a cinco meses das eleições e até lá muita coisa vai acontecer que poderá determinar ( ou não) a vitória da actual coligação.

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    1. Eu, e acho que os dirigentes do PS também, estava a pensar nas sondagens que davam o PS com maioria absoluta ou muito próximo disso, Carlos.
      É esse golpe de asa que os apoiantes de António Costa lhe pedem.
      Pessoalmente, e já manifestei essa opinião muitas vezes, preferia que não houvesse maiorias fossem elas de quem fossem.
      As maiorias só têm dado origem a abusos.
      Porque é que, sem maioria, haverá paralisação?
      Haverá, de certeza, obrigatoriedade de negociações e consensos.
      O que me parece óptimo.

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    2. «As maiorias só têm dado origem a abusos».

      Não discordo. Mas as maiorias também deram alguma estabilidade ao país, o que é importante.

      «Porque é que, sem maioria, haverá paralisação?»

      Concordo. A vontade do povo é soberana. Os políticos tem de ser imaginativos para não cairmos na tal paralisação.


      «Haverá, de certeza, obrigatoriedade de negociações e consensos.
      O que me parece óptimo».

      Concordo em parte. Em teoria o que o Pedro diz está certo. Infelizmente em Portugal não há essa tradição de negociação e de consensos. O que é mau.

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    3. Não será tempo de iniciar esse bom hábito, Paulo Lisboa?
      Vivendo no Oriente, tento estudado a ASEAN na minha tese de mestrado, aprendi que, ainda que seja pelo menor denominador comum, os consensos são bons e dão bons resultados.

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  3. O programa do PS que tenho como livro é um bom programa.

    Quanto ao programa do PS que o Costa apresentou hoje, nada posso dizer, porque ainda não o li. Aguardo a sua opinião, Pedro.

    Pior do que a maioria absoluta era uma coligação do PS com o PDS.

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    1. Uma coligação DESTE PS com ESTE PSD, aquilo que o PR já pediu um montão de vezes, é impossível, ematejoca.

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  4. *
    Está a decorrer, no meu blogue, até dia 16/06, um passatempo para quem gosta de escrever e ganhar mimos. Participa!

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    1. Fica prometida uma visita e, quem sabe, uma eventual participação.

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  5. ~~ Desejo-lhe o maior sucesso, porque o que vier - por muito mau que seja - será melhor do que este.

    ~~~~ Beijinhos. ~~~~~~~~~~~~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  6. E oxalá dê para «gaining» a sério, senão estamos tramados.... (aqui para nós, não acredito nada nessas sondagens. Estes tipos do PSD/CDS/BPN são capaz das trapaças maiores de que há memória. E como dominam em absoluto os meios de comunicação social, está tudo dito.
    (Não costumo ler os comentários que me antecedem, mas não pude evitar de ler o da ematejoca. Tenho a certeza que não haverá coligação PS/PSD. É contra natura....)
    Beijinhos

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    1. No que diz respeito à ideia da ematejoca, remeto para a resposta que lhe dei, Graça.

      A credibilidade das sondagens nunca mais será a mesmo depois do que aconteceu no Reino Unido.
      Valem como indicadores para as lideranças partidárias estabelecerem estratégias.
      Pouco mais do que isso.
      Beijinhos

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  7. No mínimo é uma teoria muito interessante, mas, vamos ver.

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    1. Também estou curioso para ver o que resultará desta manobra do PS e como irão os partidos da coligação reagir à mesma, Paulo Lisboa

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