Respeitar a lei não chega


De vez em quando, acontecem coisas em Macau que aborrecem, chateiam, moem.
E que nos fazem pensar que, mais do que respeitar a lei, é preciso respeitar as pessoas.
E a terra onde vivemos, com um legado histórico que não se pode apagar.
Como foi apagado, há já algum tempo, o escudo português do Boletim Oficial, em versão digital, antes de Dezembro de 1999.
Aspecto gráfico, parece ser a justificação oficial.
Nem comento....
Mais do que a questão legal (os documentos, alterados, rasurados, serão válidos?), importa a atitude.
Feia, de uma insensibilidade e de um desrespeito inqualificáveis e injustificáveis.
O Hoje Macau dava esta notícia.
Já o Ponto Final publicava uma carta de um cidadão português (Carlos Alberto Monteiro da Silva), dador de sangue, que se mostrava indignado, com toda a razão!, porque, no dia 7 de Outubro, na cerimónia de entrega de prémios de reconhecimento aos dadores, promovida pelo Centro de Transfusões de Sangue, ninguém se lembrou que havia ali falantes de uma das línguas oficiais que não a chinesa.
Facto tanto mais curioso quanto o campeão dos dadores é, de há muitos anos, o meu bom amigo Paulo Rodrigues.
E havia outros estrangeiros que voluntariamente, altruísticamente, davam o que têm de mais pessoal e intímo - o seu sangue.
Mais uma vez, para além do cumprimento da lei - a RAEM tem duas línguas oficiais!!! - é o gesto que magoa, ofende.
Pode-se respeitar a lei (nos dois casos citados nem isso aconteceu...).
Mas, se não se respeitam as pessoas, se não se seguem as mais elementares regras de cortesia, de boa educação, de bom senso, resta perguntar - navegamos em que sentido?
E com  quem ao leme?

Comentários

  1. Estimado Amigo Pedro,
    Já são tantas as trafulhices e desrespeitos que nem comento.
    Abraço amigo

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  2. Amigo Cambeta,
    Não sei o que mais me impressiona e mais me chateia - se os atropelos à lei, se o desrespeito, a falta de educação, de cortesia.
    Que coisa feia!!
    Um abraço amigo

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  3. Caro Pedro,

    diria que é preciso "paciência de chinês" para aturar e engolir certas coisas, ai e aqui!

    Abraço

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  4. Caro confrade Pedro Coimbra!
    Sou solidário a você, porque deve ser dificílimo tolerar o desprestígio que a nossa amada língua tem em Macau...
    Caloroso abraço! Saudações solidárias!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  5. Lembro-me das cerimónias da "entrega" de Macau à China, era garotinha e ver a bandeira de Portugal baixar fez-me sentir um aperto no peito, nem imagino como se sente face a esta situação!*

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  6. Faz impressão, fez-me impressão ler o que escreveu. Olhamos o passado histórico e é triste quando sentimos que deixámos o nosso afecto e não é reconhecido
    Bjs. :)

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  7. Ricardo,
    Ainda há pessoas que pensam que basta cumprirem, ainda que com algum desleixo pelo meio, a legislação durante 50 anos que está tudo bem.
    Não é assim.
    Respeito, educação, cortesia, são essenciais.
    E, nestes casos, nem a lei cumpriram.
    Aborrece, ofende.
    E eu não gosto de levar desaforo para casa.
    Aquele abraço

    Caro Prof. João Paulo Oliveira,
    A língua portuguesa é língua oficial até 2049.
    E não pode continuar a ser maltratada como tem sido.
    No caso do cidadão português, com toda a franqueza, eu vinha-me embora.
    Abandonava a cerimónia e recusava a oferta.
    E depois explicava porquê.
    Quando as pessoas não querem colaborar, tem de ser à bruta.
    Um abraço

    Catarina,
    A transferência de administração não mexeu muito comigo.
    Estava preparado para isso, sabia que tinha que ser assim.
    O que mexe comigo são estas criaturinhas.
    Que, acredite, não têm nada a ver com o que Pequim pensa e quer.
    A cretinice é muito local.
    Bjs

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  8. Pedro
    Infelizmente respeito é uma palavra excluida do dicionário de muita gente. São os tais valores que estão em vias de extinção.
    Beijo e uma flor

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  9. Gostava de não concordar consigo, Adélia.
    Mas concordo.
    Cem por cento.
    Um beijo

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  10. ana,
    Só agora o seu comentário apareceu.
    Por isso mesmo, só agora lhe respondo.
    Mesmo alheio ao facto, peço desculpa.

    Por mais que tentem (e são meia dúzia de idiotas, não se pode generalizar), é impossível apagar meio século de História.
    E o legado que ficou e permanecerá.
    Justiça seja feita à visão do Governo Central e ao papel que querem que Macau desempenhe no âmbito da Lusofonia.
    Wen Jiabao e Xi Jingping (será o próximo presidente da China) vieram a Macau reafirmar essa vontade.
    Mas há aqui uma série de complexados e moucos que se recusam a ouvir.
    Com esses, não há que ter contemplações - quando não nos respeitam, não nos podem pedir respeito.
    Este é daqueles caminhos que TEM DE ter duas vias.
    Para o bem e para o mal.
    Bjs

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  11. Não foi a entrega em si, foi o descer da nossa bandeira!

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  12. Está a referir-se à cermónia junto ao Palácio da Praia Grande, com o Governador com a bandeira colada ao peito, Catarina?
    Emocionou muita gente.
    Confesso que não fui uma dessas pessoas.
    Era assim, tinha que ser assim.
    E eu já estava preparado para aquilo.
    Bjs

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