O grande reino e os principados - uma fábula muito pouco imaginária


Era uma vez um reino muito grande.
Com séculos de história, cultura, património.
E muito rico.
Que tinha muitos principados.
Os principados, meia volta, volta e meia, desentendiam-se e criavam grandes sarilhos.
Para que isso não voltasse a acontecer, e o reino pudesse ficar ainda mais rico, alguns dos principados decidiram juntar esforços.
Não foi fácil, mas conseguiu-se.
E o reino, em paz e tranquilidade, prosperou.
Foi quando os chefes do reino acharam que era tempo de juntar ao reino outros principados que ainda não faziam parte dele (mas queriam fazer).
E, ao mesmo tempo, partir um muro que dividia o reino a meio.
E assim fizeram.
Depois, pouco a pouco, mais e mais principados passaram a fazer parte do reino.
Que já não tinha o muro a dividi-lo.
Percebendo que o reino tinha muito dinheiro, os principados mais traquinas passavam o tempo a divertir-se, a gastar dinheiro (que até nem tinham), a fazer jogos com o dinheiro dos principados.
Porque sentiam que, se os principados tivessem problemas, o reino ajudaria.
De repente, os principados traquinas, e até um que era apontado como um exemplo, ficaram cheios de dívidas.
E foram a correr pedir ajuda ao reino.
Os donos do reino ralharam muito com os principados traquinas. Mas aceitaram ajudá-los.
Juntamente com uns sujeitos mal encarados, agiotas, mas cheios de dinheiro, de outros reinos lá longe.
Com a condição de, doravante, os principados traquinas se portarem bem.
E tudo parecia correr bem outra vez.
Até que, de repente, nalguns dos outros principados, os meninos começaram a dizer que não ajudavam meninos traquinas.
O último a fazer isso foi um principado pequenino, vizinho do antigo muro, cujos habitantes tinham fama de ser tranquilos, sossegados.
Mas, como em outros principados, por causa das traquinices dos meninos dos principados traquinas, de repente apareceram uns meninos maus, nacionalistas, xenófobos no principado tranquilo.
A dizerem que não queriam ajudar os meninos traquinas.
Não vamos pagar as traquinices dos outros!!
E muitos meninos se juntaram a estes.
Todos a dizer que não queriam ajudar, que não queriam pagar.
Os principados traquinas ficaram em perigo.
E o reino também.
Será que os principados desavindos se vão reconciliar?
Será o reino capaz de auxiliar os principados desavindos a reconciliar-se?
E, com esse gesto, ajudar economicamente os principados traquinas?
E essa ajuda, a concretizar-se, terá a intervenção dos reinos distantes, cheios de dinheiro e agiotas?

Comentários

  1. Pedro,
    Sublime, suBLIME, fantástica. Adorei o seu sentido de humor e oportunidade!
    Parabéns e um bom dia por aí!:)

    Estou convicta que o Ruy Belo teria gostado.

    Se um dia me deixar roubo-lhe esta fábula com devida indicação!

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  2. ana,
    Muito obrigado pelas simpáticas palavras.
    Pode tomar posse, furtar, roubar, quando quiser :))
    Um dia feliz para si também.

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  3. Caro Pedro,
    Seria necessária uma generosidade e uma tolerância divinas para que seres humanos, por mais civilizados que sejam, estejam a sustentar, com o fruto do seu próprio trabalho, principados mal comportados e infantis que só pensam em brincar aos ricos e poderosos arrogantes.

    Com tais principados «esbanjadores, o reino acabará por ir à falência ou, pelo menos, desmoronar-se.

    Um abraço
    João
    Do Miradouro

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  4. Caro João,
    Corre-se esse risco.
    E o reino, sonhado por tantos, pode estar mesmo em perigo.
    Um abraço

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  5. Caro Pedro,
    Vim pela mão do amigo João e apreciei imenso este seu post que a "brincar a brincar" disse muitas verdades!
    Precisamos de acordar este povo adormecido que deixa fazer tudo mas quando acordar está "morto"!
    Um abraço amigo e solidário.

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  6. Seja bem vindo Luís,
    Podemos sempre tratar de assuntos sérios mesmo a brincar.
    Era bom que, quer o "principado", quer o "reino", acordassem de vez.
    Para não ser tarde demais.
    Um abraço

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  7. Maravilhosa fábula, que se traduz na realidade, esses ricos principados, são como viaturas de alta cilindrada, e os meninos traquinos os querem imitar, dessa forma, as suas carroçarias, mesmo com motores super sostificados, não conseguem atingir a velocidade desses principados, como tal vai de desbaratar dinheiro para que a corrida prossiga e nesta corrida, o FMI, entra como director de pista, e a corrida termina, com a avaria total dos carrinhos desses meninos traquinas, uns se vêm gregos para os entender outros passaram a usar saias para poupar as calças, e os dos jardim, já nem flores conseguem plantar, mas vão fazendo flores, com o estrumo que criaram.
    Assim vai o Principado maior.

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  8. Amigo Cambeta,
    Agora é que vamos ver o que é que reinos longínquos nos reservam.
    O FMI bate forte e feito.
    A China costuma dar um chouriço em troca de um porco bem gorducho :))

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  9. Nada a dizer.
    A não ser que concordo em absoluto com esta análise.

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  10. Observador,
    Agora vamos ver o que o futuro nos reserva.
    Nada de bom, por certo.
    Abraço

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