A previsível derrota de Sarkozy

Já era previsível a derrota do centro-direita, no poder em França, nas eleições regionais deste domingo.
Ainda assim, o apelo ao voto de Nicolas Sarkozy terá tido algum efeito, evitando um resultado que poderia ser catastrófico.
A "esquerda solidária" terá conquistado 54% dos votos a nível nacional, números que garantem aos Socialistas e seus aliados o controle de 20 das 22 regiões.
Os 36% obtidos pela União para um Movimento Popular (UMP) de Sarkozy constituem um resultado decepcionante, implicam a perda do controlo da região da Córsega, mas são suficientes para manter a Alsácia.
A Frente Nacional, de Le Pen, consegue 8,7% dos votos, quase 25% na região de onde é originário o líder, tudo apesar de só se ter apresentado a sufrágio em algumas circunscrições.
O fraco desempenho da economia, os altos níveis de desemprego, a situação precária em termos de segurança interna (uma das bandeiras de Sarkozy quando foi eleito) e a revolta com os apoios económicos concedidos a grandes bancos em cenário de crise económica, com uma previsão de déficit de 8,2% para este ano, serão os principais motivos para o desaire eleitoral do centro-direita e para a ascenção da esquerda francesa.
Igualmente, como é hábito em cenários políticos semelhantes, para os resultados obtidos pela direita xenófoba.
Demagogia e xenofobia sempre casaram bem com desemprego, insegurança e crise económica, e a França até tem constituído um bom exemplo nesse particular.
O líder socialista já veio exigir publicamente uma mudança radical das políticas, e Sarkozy vê as suas possibilidades de reeleição em 2012 cada vez mais ténues.
A própria presença constante de Sarkozy nos tablóides, o lado cor-de-rosa da sua vida privada, se, num primeiro momento, a reboque do charme de Carla Bruni, funcionou, agora parece começar também a aborrecer e irritar os franceses.
Mais uma vez, num cenário de dificuldades económicas, desemprego e déficit elevados, insegurança, os votantes estão pouco interessados nos arrufos do casal Sarkozy, nas facadas no matrimónio que ambos vão dando.
Há algo que lhes diz muito mais e que é muito mais importante.
O voto dos franceses ontem foi, em grande medida, um grito para Sarkozy ouvir - C'est l'économie, stupide!

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