O espectáculo e a idiotice


O título deste post inspira-se no folhetim "democratas" versus  Chefe do Executivo, que ontem conheceu mais um episódio absolutamente deprimente.

Os três representantes da ala pró-democrata (continuo a achar que não são democratas, são sufragistas, que é algo substancialmente diferente, mas enfim...), Paul Chan Wai Chi, Au Kam San e Ng Kuok Cheong, insistem em ser recebidos pelo Chefe do Executivo para discutirem a evolução do sistema democrático na RAEM.
Trocado por miúdos, para definirem um calendário para a implementação da eleição dos deputados e do Chefe do Executivo por sufrágio directo e universal.
Algo que os "democratas" sabem perfeitamente que nunca poderá acontecer sem o beneplácito de Pequim.
E o "amén" de Pequim ainda vem muito longe, como os "democratas" também sabem.
No entanto, inspirando-se nos seus gurus do outro lado do Delta do Rio das Pérolas, vão insistindo nas suas reivindicações.
Por convicção, mas também por puro populismo e oportunismo.


O problema com a ala pró-democracia em Macau é que não disfruta de um capital de credibilidade minimamente semelhante àquele que é conferido a personalidades como os líderes do Partido Democrata de Hong Kong (Martin Lee e Emily Lau como figuras de referência).
Problema que se vê agravado pela fraca consciência cívica da população de Macau por comparação com a congénere de Hong Kong.

Neste quadro, e com os espectáculos que periodicamente promovem, os pró-democratas de Macau são olhados como situando-se a meio caminho entre os pró-democratas de Hong Kong e os patéticos seguidores de Long Hair, com todas as consequências negativas que daí resultam em termos de imagem e credibilidade públicas.
Ontem essa vertente populista e demagógica apareceu novamente.
Comunicação social convocada para uma reunião que sabiam perfeitamente não iria acontecer, e apenas com o propósito de se conseguirem mais uns minutos de antena e polémica vazia.
E os pró-democratas começam a ser levados pouco a sério, a conseguirem apenas arrancar alguns sorrisos e pouco mais.

Do lado do Gabinete do Chefe do Executivo, e para que o circo fosse completo, uma reacção e desculpas para que o encontro não se realizasse, perfeitamente hilariantes.
Ainda não percebi porque razão não pode o Chefe do Executivo, o actual e o seu antecessor, pura e simplesmente dizer que não está interessado em tal encontro, apenas porque o que havia para dizer acerca do assunto em causa está dito e redito.
E não há novidades, nada a acrescentar.
Não, em vez dessa posição, clara e congruente, do Gabinete do Chefe do Executivo vieram justificações disparatadas, como sejam avarias no fax e nos telefones, as quais justificariam o não agendamento da reunião.
Só por puro gozo se pode dizer uma coisa destas!
Até porque os pró-democratas não publicitam antecipadamente na comunicação social estes espectáculos públicos, nem nada!!
Há quanto tempo temos todos conhecimento do que iria acontecer ontem?
Será que ninguém no Gabinete do Chefe do Executivo sabia o que toda a gente já sabia?
Claro que sim.
Mas preferiram, mais uma vez, e dos dois lados da barricada, montar uma óprea bufa.
Mas esta não tem ponta de piada, é triste e servida por intérpretes sem qualquer talento.
E a música também já aborrece.
Vai sendo tempo de mudar de disco meus senhores.

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